Sunday, January 17, 2010

only an alpinist knows the feeling...Gredos 2010...

“Existen hombres que suben a estas montañas por la sola alegria de vivir, por el goce experimentado en la lucha, por el solo deseo de arrancarles su misterio, por el solo placer de conocerlas.”


...Decidi ir esticar as pernas e fui passear pela vila, sentei-me aqui perto de um hostal, que é uma casa rural muito simples e bonita, sentei-me aqui na esperança que aparecesse alguém para perguntar o preço de uma noite. Mas também me sentei a apreciar a paisagem, essa sim bate qualquer coisa e infelizmente não tenho máquina para vos poder mostrar e acho que também não a consigo descrever como ela realmA caminhar sobre aquela paisagem soberba, para ajudar estava um dia radiante, paramos para comer um pouco, beber e também conversar, estivemos ali vinte minutos apanhar aquele solzinho maravilhoso e então voltamos à descida, desmontamos as tendas e fizemo-nos ao caminho, agora sim ficou duro, pois o peso quase que triplicou e já tínhamos algum desgaste, mas com algum esforço à mistura chegamos à plataforma de Gredos onde nos desequipamos, despedimos e voltamos à dura realidade com a saudade de lá voltar brevemente, valeu o esforço…ente merece, mas posso sempre tentar.
Estou sentando num morro, encostado a um poste de alta tensão, mas tensão realmente só no poste, pois acho que a calma neste momento invadiu o meu espírito. Do meu lado esquerdo posso ver o pequeno hostal e um pinheiro aqui bem perto, um conjunto de árvores despidas e por trás destas, e já a percorrer a visão da esquerda para a direita, vê-se a pequena vila de Oyos del Espinos, por trás desta e com a visão cada vez mais a fugir para a direita começa-se a ver o branco da neve nas montanhas. Já com uma visão completamente horizontal começo por avistar uma estrada de terra batida que parece levar o sentido da minha visão, mas num ápice desaparece completamente para a direita onde a minha vista não alcança, mas fazendo um azimute e fugindo à estrada lanço o olhar em frente como que a fazer um corta-mato e avisto um descampado que termina num pequeno bosque. Começa a juntar umas réstias de neve devido a sombra que a copa das suas arvores faz… muito rapidamente atravesso meio bosque e deparo com uma casa linda e pacata, continuo-o a percorrer o bosque e a minha vista esbarra com uma montanha vestida de um branco puro, quase que inviolável e impenetrável. Só neste pequeno alcance da minha visão consigo ver o fumo de uma pequena queimada no descampado, vejo cavalos a pastar já na fronteira entre o descampado com o bosque e vejo uma quantidade incrível de aves a planar neste pequeno pedacito de Terra.
Agora e já depois de ter descansado mais um pouco, encontro-me aqui na bodeguilha onde a noite começa a cair. É lindo ver o céu juntar-se à terra e ficarem um só.

Depois de 14 horas de sono e um banho quente estou mais que em forma, teve mesmo de ser, ainda me aguentei até as 13 horas e depois não mais aguentei, peguei no carro e dirigi-me para a plataforma de Gredos, onde apetrechei a mochila, calcei as botas e lancei-me numa investida a solo até ao circo de Gredos num percurso que está previsto fazer-se em 2 horas e 30 minutos e onde demorei 1 hora e 50 minutos, num deserto vestido do branco da neve, num percurso lindíssimo.
Uma primeira parte do percurso de média dificuldade sendo a segunda bastante mais acessível e é já nesta segunda metade que começo a avistar ao longe o circo de Gredos, que passo a descrever.
Um grande vale com um grande lago gelado e coberto de neve, lindo, mais à frente avisto o refúgio e ao lado o nosso acampamento, ainda que muito longe claro mas inconfundível pois as cores vivas das tendas contrastam com o branco solitário da neve, e em volta do vale, erguem-se umas montanhas lindas incluindo o Almanzor, o pico mais alto. Parecem proteger o enorme, mas mesmo enorme vale, quase que diria que são os guardiães de Lo circo de Gredos, mantendo o respeito no circo.
O último dia, o dia de Cume, ainda era noite quando acordamos, seis da matina mais precisamente, sai duma tenda onde dormiram cinco pessoas preparei a minha mochila com o que precisava para este dia e dirigi-me ao refugio onde tomei o pequeno almoço, enchi o meu cantil com água e fiquei pronto, partimos para o cume às sete da matina, temos de apanhar a neve mais rija e o dia seria longo, numa caminhada lenta a inclinação ia aumentando à medida que nos aproximávamos do Almanzor, fizemos a ascensão pela portilha del crampon e quando chegamos ao ultimo reduto antes do ataque ao cume, deparamo-nos com um aglomerado de gente que também pretendia atingir o cume, a visão começa a ser cada vez mais espectacular pois começamos a ver para lá das montanhas que protegem o circo, numa imensidão para qualquer que fosse o lado que olhasse-mos, num instante passamos à frente daquela gente e preparamo-nos para o ataque final, foi então que na minha cordada uma rapariga deixou cair o seu piolet, nada que não fosse logo resolvido pelo João Garcia, foi buscar o piolet e num instante estava de volta, é fácil admirar um atleta desta natureza. Prosseguimos o ataque e pouco depois lá estávamos no ponto mais alto daquela cadeia montanhosa, estivemos lá muito pouco tempo, a descida foi efectuada por outro lado, percorremos umas cristas de umas montanhas e começamos a descer.

In Diário de Sierra de Gredos

by César Oliveira (sherpa cozinheiro)

2 comments:

joao virgilio said...

a vontade ja era muita, mas agora ainda mais....preciso mesmo de sentir o silencio da montanha...falar c ela respirar com ela e claro nas melhores das companhias....only a wild now´s the feeling

Diana said...

A paixao que demonstras por estes pequenos lugares mágicos é incrivel! Quem lê, fica com vontade de pegar no material e ir sentir o mesmo :) Admiro o teu amor inabalável pelo os recantos do mundo fora da sociedade!
Boas caminhadas! :)